Para muitos,
Miley Cyrus é uma menina que vive pondo a língua de fora. Bota outras partes do corpo também. Mas vai além. Em entrevista ao
G1, por telefone, a cantora americana de 21 anos detona selfies e o exagero do uso de celulares em shows. Fala sobre feminismo, diz ser mais punk do que pop e comenta sua relação com o
Brasil. Quando foi em 2011,
a performance, a música e o visual eram bem mais comportados. Neste retorno, ela passa por São Paulo (na sexta-feira) e por Rio (domingo). “Eu quero luzes, quero cores, quero me sentir viva. E isso é um pouco Brasil, não é?”, diz ela.
G1 – A aprovação de gente como Madonna e Kathleen Hanna [ex-Bikini Kill e hoje no Le Tigre] é importante para você?
Miley Cyrus: Kathleen Hanna é o melhor e mais legítimo tipo de garota do punk rock. E todos os caras tinham inveja dela… Eu vi vídeos dela. Madonna e Rihanna são comparadas a mim, mas eu gosto muito mais da comparação com a Kathleen. É tão legal. Quero muito trabalhar com ela… Hell Yeah! Falo com ela no Instagram. Seria a coisa mais legal do mundo. Cantar com a Madonna foi legal, mas sempre escutei mais Bikini Kill. Meu pai botava muito para eu ouvir quando era mais nova.
G1 – Na maioria dos shows, às vezes é até difícil ver o palco, com celulares para o alto, pessoas gravando, fazendo selfies… Para você, os fãs exageram e prestam mais atenção nos celulares do que no show?
Miley Cyrus: É péssimo isso. Aconteceu até uma história engraçada em um show recente: nossa equipe ficou sem poder usar celulares, só walkie talkies, por causa da quantidade de pessoas com celulares no show. Incrível, né? Acho péssimo: durante a parte acústica do show as pessoas ficam só tirando fotos… Queria que elas estivessem presentes ali comigo, que vivam o momento. Mas elas parecem mais preocupadas com os celulares…
G1 – O que vem na sua cabeça quando se fala em Brasil?
Miley Cyrus: Nunca tive muito tempo no Brasil e não tive como descansar ou conhecer o país. Eu quero ir sem ter que estar trabalhando: de férias, com mais tranquilidade. Em algumas cidades, tudo pareceu meio “fora de controle”! Soube que Rihanna e Justin [Bieber] tentaram ter uma experiência de mais contato com as cidades brasileiras. O que posso te dizer é que as pessoas são cheias de cores. E isso é algo que vejo na minha carreira… Com essa turnê, não queria fazer o mesmo show da anterior. Eu quero luzes, quero cores, quero me sentir viva. E isso é um pouco Brasil, não é? Não quis fazer outro show cinza, de inverno. Quis um show bonito, como é o Brasil.
G1 – Hoje, o que é ser feminista?
Miley Cyrus: Feminismo não é sobre ser dona do mundo, ser melhor do que os outros. É sobre ser igual e estar feliz com quem você é. Você tem que se sentir “cool” de qualquer jeito. As pessoas me olham, podem achar o que quiserem… Gosto de ser uma garota em busca da autenticidade. Eu quero inspirar as pessoas a serem livres. Eu quero que façam o que quiserem, que sejam elas mesmas. Ser feminista é como estar em uma revolução.
G1 – Além da parte acústica, você canta só duas músicas que não são do disco “Bangerz”. Por que não canta mais músicas dos outros discos?
Miley Cyrus: Não gosto de ficar explicando a inclusão ou não de músicas no show, sabe? Mas não estamos fazendo exatamente o mesmo show todas as noites… Ser artista é estar conectada. É o que eu tento ser. Eu quero fazer sentido com minha turnê. Eu posso te garantir que quem vê o show não sente que está faltando algo.
G1 – Você fez mais de 80 shows só neste ano. Às vezes, repetições te cansam? O que fazer para não sentir tédio?
Miley Cyrus – Faz parte desta tentativa sempre ter mudanças no set. Eu posso acrescentar coisas sempre que quero. Canto coisas que eu estou escutando e sei que meus fãs podem passar a gostar de Bob Dylan, de Smiths… Eu acredito que meus fãs aprendem comigo. Vejo as pessoas inspiradas pela parte acústica do show